Brasil, 500 anos
Nesta semana, em que todo o Brasil lembra seu descobrimento, o Diário
traz um suplemento para discutir os 500 Anos sob a ótica de Mato Grosso. No
Estado, há o que se comemorar? A resposta passa por questões históricas,
matemáticas e semânticas: em que contexto se deu a chegada de bandeirantes e
sertanistas? São realmente 500 Anos? Foi de fato um descobrimento – “ato de
conhecer, relevar, encontrar pela primeira vez” – ou muito já se vivia aqui,
pelas bandas centrais da América do Sul?
Na avaliação da historiadora Thereza Martha Presotti, professora de
História do Brasil Colonial na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) -
cuja tese de mestrado é sobre “O Novo Descobrimento das Minas e Sertões de
Cuiabá: a Mentalidade da Conquista” – o ano de 2000 tem que ser, para os
brasileiros, um período de reflexão. “A palavra comemoração remonta a ‘com
memória’. É portanto tempo de resgatarmos a história já vivida, e refletirmos
sobre o Brasil que queremos daqui por diante”, comenta.
Esta viagem futurista pode ser feita, com muito mais sucesso se o
passado for discutido, analisado, esmiuçado, e principalmente pesquisado. Na
UFMT, a ausência de um especialista em arqueologia e dificuldades estruturais
típicas do ensino público limitam avanços mais expressivos. Arqueólogos
poderiam, por exemplo, ter mais informações sobre cemitérios indígenas
espalhados em todo o Estado. Mesmo assim, de aulas ministradas no interior do
Estado a teses de mestrado e doutorado, muito tem sido executado.
Parte deste esforço, em busca de identidades, está sendo levado também
para alunos de 2º grau pelo também professor da UFMT, Flávio Ferreira Paes
Filho. Vinte e quatro quadros e cartas cartográficas, entre imagens de pintores
sobre o desenvolvimento náutico de Portugal, os primeiros contatos com os
índios do litoral, e todo processo de colonização, estão percorrendo escolas
públicas da capital. As imagens foram cedidas pelo Comissão Nacional dos Outros
500, e pela Embaixada de Portugal no Brasil, e colocadas em molduras com apoio
da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat).
Da arqueologia para a geografia, passando pela matemática, a primeira
dúvida: quando os bandeirantes chegaram por aqui, no início século XVIII, o que
encontraram? “Estudos comprovam que os bororos habitavam esta parte da América
do Sul há pelo menos oito mil anos”, lembra a historiadora. Hoje, encurralados,
os bororó da reserva Tereza Cristina, em Rondonópolis (210 quilômetros ao sul
de Cuiabá), sofrem com alto índice de alcoolismo e com outras doenças.
É sobre estas questões atuais, como os entraves fundiários que muitas
etnias ainda enfrentam, que o suplemento do Diário também vai falar. Nas
próximas sete páginas, o leitor poderá percorrer a história - do ponto de vista
dos pesquisadores – e analisar a situação atual, na ótica das etnias e da
própria Funai. Para quem quer saber onde pesquisar mais sobre o assunto, o
Diário também traz uma coluna com títulos e sites mais solicitados. Se a
distância entre a Europa e o Novo Mundo foi vencida há 500 anos, mais, ou menos;
se estas comemorações são justas, ou oportunistas, você também precisa saber.
Tomado de diario de CUIABA br
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